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sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Homem feito de Barro

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O HOMEM FEITO DE BARRO




Carlota, era uma menina de dezasseis anos que vivia na torre mais alta do castelo, demasiado protegida pelos os pais, rei e rainha, que não a deixavam fazer nada fora da torre. Como era bonita – de leves e louros cabelos, lisos em cima, ondulados a meio e encaracolados nas pontas, até ao rabo, olhos verdes, pele branca e lábios cornudos e dóceis –, tinham medo que fosse estragada pela natureza comum e pelas pessoas. Simão, o seu irmão, era um príncipe rebelde, fazia tudo o que a irmã não podia;
Jogava arco e flecha, caçava, participava em batalhas, bebia, cativava princesas em festas e chegava tarde ao castelo.

O rei tinha declarado que a sua filha só podia ter liberdade e abandonar a torre quando um jovem lhe pedisse a mão em casamento, Carlota invejosa pela excessiva liberdade do seu irmão e ansiosa por estar noiva, começou a sonhar, a desenhar e a descrever o seu príncipe desejado. O tempo foi passando, e só aos seus dezoito anos é que Carlota casou. Entregou-se ao primeiro homem que lhe pedira a mão.
A festa foi extraordinária, o dia mais feliz da sua vida.
No entanto, o seu marido não era perfeito, pelo contrário, era um homem perverso, frio e temperamental…
Como Carlota não podia ter filhos, o seu marido começou a desinteressar-se pela relação e a traí-la com uma rameira qualquer, voltava para casa bêbedo e cansado, chegando mesmo a agredir Carlota.
Mas no reino, se a mulher olhasse para outro homem é acusada de adultério e queimada na fogueira. As pessoas da vila já diziam:

- Porque será que o homem nunca vai a casa? – Perguntou uma aldeã.
- Por causa da mulher! Ouvi dizer que ela era uma mulher horrível e não sabe dar prazer ao marido. – Respondeu-lhe uma velha cheia de pinturas na cara.

Mas Carlota sabia o que diziam dela, e um dia não suportou mais os maus-tratos físicos e psicológicos, e fugiu do reino partindo ao encontro da bruxa Elvira que lhe ofereceu o seu livro de feitiços.


Desde que saíra da torre que não voltou a ler um livro, a cuidar de si e do seu corpo, e a sua pele escureceu, devido ao sol que apanhava ao lavar a roupa no tanque.

Então, Carlota dedicou-se, a tempo inteiro, ao mundo da magia, e um ano depois, voltou para casa para inutilizar o marido, petrificando-o para sempre.  
Mas Carlota não conseguia viver sem um homem, até porque não podia trabalhar, e com medo de arranjar outra desilusão de homem, pegou em barro e criou, ela mesma, o seu homem perfeito, ou seja, uma pessoa igual a ela mas masculina.

     “ Guias da Água, Terra e Ar
     Unam-se agora neste homem
      E façam-no amar

Para o corpo, Leão
Caranguejo para o coração
Touro para a força
Virgem para a fidelidade
E tirem-lhe a maldade      




 
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E do barro, já sólido, surgiu um homem, belo como um príncipe, amoroso e amável como um cachorrinho e puro como um bebé.
Homem esse que, foi feito à maneira dela, não possuía opinião, ideias ou personalidade própria. Aceitava tudo e não discordava de nada.
Carlota e o seu amante voltaram para o castelo, uma vez que consideraram o seu marido como morto, Carlota pôde casar com o seu homem perfeito e desfrutar de dinheiro que o mesmo lhe trazia.
Com ele, pôde comprar os vestidos que sempre sonhara ter e nunca teve, juntamente com as jóias e pêndulos.
Mas o reino entrou em corrupção com Carlota, devido à inveja e começaram a espalhar rumores que mais tarde vieram parar aos ouvidos de Carlota.
Cheia de raiva, Carlota usufruiu ainda mais da magia, para se vingar das pessoas e rapidamente o reino ficou às escuras.

Metade das pessoas foram transformadas em sapos, o sol deixou de brilhar e as plantas murcharam, os cães que protegiam os aldeães foram comidos vivos por corpos, os gatos morreram e sobreviveram apenas os pretos, que não comiam os ratos que aumentaram e trouxeram a peste negra que matou toda a população e o rei, pai de Carlota.

O reino tornou-se sombrio e assustador, onde a única que se sentia era o frio do nevoeiro, e só se ouvia o vento, os corvos e alguns gritos de dor das pessoas prontas a morrer.
Carlota, influenciada pela magia negra, tornou-se triste, má, o seu cabelo ficou preto e fraco, a pele seca e cheia de sinais e borbulhas e os lábios mais finos e claros.
Irritada com o seu aspecto, proibiu todos os espelhos do reino e guardou-os na cave.
Simão, após a morte do pai, foi coroado rei, mas mesmo assim continuava preso às ordens da irmã assim como todo o povo, e quando opinou relembrando-lhe do seu cargo, Carlota prendeu-o nas masmorras, ameaçando-o com a bruxaria.

Então o reino ficou nas mãos da rainha Carlota e seu marido, que sempre elogiava as suas acções, mas no mês seguinte o reino foi invadido, e uma vez que, quase não havia cavaleiros para proteger o castelo, Simão foi morto na masmorra e Carlota foi salva pelo seu marido.

O reino foi governado por um novo rei, o que o invadiu, e Carlota permaneceu escondida com o marido num moinho desabitado.
Um ano mais tarde, Carlota fartou-se do marido, da sua cedência a tudo e do seu ar inocente e ingénuo.

- O que se passa, meu amor? – Perguntou ele.
- És tu! És perfeito demais, perfeito demais! – Respondeu Carlota
- Mas eu fui feito para ti. – Diz docemente o marido
- Nem pareces real, eu sinto que estou a falar comigo mesma! Foste um erro e só agora que passei tempo suficiente ocupada contigo, é que me apercebi disso! – Explicou.
- Foi o melhor ano da minha vida!
- PÁRA! PÁRA DE DIZER O QUE EU QUERO OUVIR! – Gritou Carlota, furiosa.

No meio da discussão, Carlota, para o afastar crava as unhas no coração do marido, acabando por o matar, e ele cai no chão, sem qualquer expressão.
Arrependida do que havia feito, cai a chorar e envolve-se carinhosamente nos braços do corpo já morto.

Tentou ressuscitá-lo, substituí-lo, mas nada resultava nem a satisfazia.
Então Carlota passou anos a pedir perdão a Deus, de todo o mal que tinha feito e voltou a ser puramente bela, mesmo já velha.



Aos quarenta anos, volta ao reino e oferece-se para ser ama. Lá conhece Marco, o guerreiro preferido do actual rei, e apaixona-se pela primeira vez.
Marco pede Carlota em casamento e juntos viveram felizes para sempre, numa mansão dada pelo rei e paga pelas vitórias nas suas batalhas.

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